A Dislexia é uma Dificuldade de Aprendizagem Específica (DAE) na área da leitura, que se caracteriza por dificuldades no correto e/ou fluente reconhecimento de palavras e por pobres capacidades de soletração e de descodificação. Embora as caraterísticas associadas a esta DAE variem de pessoa para pessoa, estas incluem os seguintes fatores comuns:
– dificuldades de consciência fonológica (a capacidade de perceber, pensar e trabalhar com sons individuais em palavras);
– processamento fonológico (detetar e discriminar diferenças em fonemas ou sons da fala);
-dificuldades com descodificação de palavras, fluência, prosódia, rimas, ortografia, vocabulário, compreensão e expressão escrita.
Além da dislexia, as Dificuldades de Aprendizagem Específicas englobam um conjunto de outros distúrbios, sendo os mais prevalentes: a disortografia, a disgrafia e a discalculia.
A Disortografia é o termo associado às DAE na escrita, que pode manifestar-se independentemente de haver ou não alterações na leitura. Esta manifesta-se através de dificuldades na produção de textos, onde se destacam os problemas ao nível da construção frásica (frases sintaticamente menos complexas), elevada percentagem de erros e dificuldade em desenvolver planos e permanecer focado no tema.
A Disgrafia é uma dificuldade de aprendizagem que afeta a escrita e que pode tornar este ato difícil, devido à exigência de um conjunto complexo de informações motoras e capacidades de processamento. Os alunos com disgrafia podem evidenciar problemas com a organização e a disposição das letras, números ou palavras, na linha ou na folha.
A Discalculia consiste numa dificuldade persistente de aprendizagem ou de compreensão de conceitos numéricos e na alteração da capacidade de cálculo e resolução de problemas.
O Serviço de Apoio à Criança com Dislexia e outras Dificuldades de Aprendizagens Específicas tem como objetivo avaliar e acompanhar individualmente crianças e jovens com dificuldades escolares, bem como apoiar as suas famílias e professores. Este serviço é constituído por uma equipa multidisciplinar, composta por profissionais especializados em áreas de formação como a psicologia, a Terapia da Fala e a educação especial.
O processo de avaliação adotado por esta equipa pretende identificar as reais dificuldades da criança e esclarecer o diagnóstico. Neste processo, são avaliadas as áreas problemáticas através de diversos instrumentos de recolha de informação, nomeadamente: observação clínica em contexto artificial e/ou natural, entrevista clínica à criança e à família, instrumentos formais e informais adequados às dificuldades apresentadas, questionários a professores e avaliação neuropsicológica.
No final do processo de avaliação, os técnicos da equipa efetuam uma reunião conjunta para análise dos resultados obtidos e para a elaboração de um relatório que sintetizará os resultados da avaliação e apresentará uma proposta de intervenção.
Na sequência das necessidades individuais identificadas no processo de avaliação e da proposta de intervenção sugerida, é efetuado um plano de intervenção adequado a cada criança, família e contexto escolar. Estes planos, além de intervirem nas dificuldades de aprendizagem identificadas, procuram também adequar-se e responder às necessidades identificadas ao nível da gestão de hábitos e métodos de estudo, das dinâmicas familiares, das dificuldades motivacionais ou dos défices intelectuais ligeiros. O plano de intervenção pressupõe uma articulação direta entre a equipa, a criança, a família e as instituições (escola ou outro estabelecimento onde a criança de encontre), com a finalidade de informar e adequar todos os contextos às necessidades individuais da criança.