Embora tenhamos a consciência que a morte é um acontecimento inevitável na nossa vida, abordar o tema desencadeia em nós sentimentos de angústia e ansiedade, principalmente quando pensamos na explicação da morte e na vivência de um processo de luto por parte das crianças. No entanto, o tema da perda não deve ser temido, mas sim discutido e compreendido.
Apesar de se considerar a morte um acontecimento universal, cada perda desencadeia um processo de luto que será vivenciado de forma particular, influenciado pela faixa etária e nível de desenvolvimento em que a criança se encontra, bem como pela forma como os adultos que a rodeiam lidam com a perda. Assim, torna-se fundamental perceber a intensidade de como estes sentimentos atingem a criança e se a mesma está preparada para lidar com eles.
De acordo com a literatura, a forma como se vivencia a morte e o luto na infância interfere significativamente com o desenvolvimento cognitivo e emocional, pelo que se torna importante que a criança aprenda a gerir as etapas do processo de luto de forma expressiva, natural e normativa, prevenindo assim, a longo prazo, a vivência deste tipo de processos de forma patológica.
O luto na infância deve ser assumido como um processo de adaptação ou reorganização, que tem início com um momento de choque e consequente desorganização emocional. Se este processo for vivenciado de forma normativa, no qual a criança vivencia momentos de dor e sofrimento, termina com a reorganização emocional, momento no qual a criança aceita a perda, compreende-a e aprende a lidar com ela.
Assim, é fundamental que perante uma perda, o adulto significativo para a criança explore o tema através de um diálogo simples e com linguagem clara; evite omitir o que aconteceu e seja verdadeiro; esteja disponível para ouvir a criança se ela quiser falar; reconheça a perda e valide os sentimentos que a criança necessite de expressar nesse momento; tranquilize a criança explicando que é importante expressar os sentimentos para lidar melhor com a situação; demonstre preocupação e tempo disponível para estar com a criança sempre que ela necessite; perceba que a criança precisa de carinho, mimo e conforto; demonstre empatia transmitindo à criança que “imagina como se está a sentir”; proporcione a ajuda de um profissional especializado, se necessário.
Armanda Vieira
Psicóloga da Infância e Adolescência
mim – Clínica do Desenvolvimento