ADIVINHA O QUANTO GOSTAS DE TI?

Tomei a liberdade de adaptar o título do fabuloso livro “Adivinha o quanto eu gosto de ti?”, do autor Sam McBratney, e adaptá-lo para dar mote sobre o que vos quero falar… a autoestima da criança! Quantas vezes paramos para refletir no quanto as nossas crianças gostam de si mesmas? Ou lhes perguntamos isto mesmo?

Porque é importante falar sobre a autoestima na criança? A autoestima pode ser descrita como o valor pessoal que atribuímos à perceção que temos de nós em diferentes aspetos (aparência física, competência intelectual, escolar, social, laboral…). Tantas vezes negligenciada, a autoestima está na base de um desenvolvimento harmonioso da criança, e assume-se como um fator protetor poderoso para a maioria das psicopatologias.

Quando se inicia este processo? A formação do nosso autoconceito/autoimagem inicia-se muito cedo através da interação da criança com o seu corpo e com o mundo que a rodeia.  A partir dos 3/4 anos a criança começa a ser capaz de se descrever oralmente, mas até aos 6 anos apresenta ainda uma imagem muito “idílica” de si, confundido as suas reais competências com as que realmente tem. No entanto, é nestas idades que evidencia maior necessidade de ser valorizada, sendo este um período fundamental no desenvolvimento da autoestima. Nesta fase a criança é muito sensível às críticas ou elogios dos adultos, pelo que o estabelecimento de uma relação positiva com a criança, fundamentada na aceitação das suas características e no afeto, terá um impacto primordial na forma como a criança se avalia. A sua autoestima funciona nesta fase como uma esponja, absorvendo tudo o que lhe é dito, pois até aos 7/8 anos a criança não tem maturidade cognitiva que lhe permita um juízo crítico de si. Não nascemos com uma imagem definida de nós mesmos, são as experiencias de vinculação e de afeto com adultos significativos, pais e educadores, que mostram à criança que é amada e competente, que vão definir a imagem que tem de si.  

A confiança e valor que o adulto confere à criança, permite-lhe a exploração de si e do mundo, contribuindo para que tenha maior segurança para explorar e experimentar coisas novas. Ajudar a criança a desenvolver a sua autoestima é ajudá-la a perceber o que tem de melhor para lidar com as exigências inerentes ao seu processo de desenvolvimento. Como adultos devemos questionar-nos mais vezes, sobre qual a imagem e valor que a criança tem de si mesma, com isso iremos certamente promover infâncias mais confiantes e mais felizes em relação à escola, à família e ao grupo de amigos.

Helena Pereira

Psicóloga da Infância e Adolescência

mim – Clínica do Desenvolvimento